Tendência à estabilidade institucional: regulação, formação e provimento de médicos no Brasil durante o governo Lula

Compartilhamos este artigo (acesse aqui), escrito por Hêider Pinto e Soraya Côrtes e publicado na Ciência e Saúde Coletiva, que analisa porque foi (é) tão difícil promover mudanças nas políticas voltadas à força de trabalho em saúde, especialmente, quando envolve a profissão médica.

Muito importante refletir sobre isso em tempos de se pensar novos horizontes possíveis.

Segue o resumo abaixo:

O objetivo do artigo é analisar as características da política de regulação, formação e provimento de médicos no Brasil durante os governos Lula (2003-2010) e o processo de disputa em torno de sua mudança defendida pelos dirigentes do Ministério da Saúde, integrantes do movimento sanitário. Trata-se de um estudo de caso que utilizou o process tracing como estratégia metodológica e, como fontes, documentos e entrevistas. Utilizou-se os recursos teóricos dos estudos sobre processo político e a Teoria da Mudança Institucional Gradual. Os principais resultados são a compreensão do arranjo institucional relacionado à política e a identificação de atores individuais e coletivos que atuaram para sua conservação ou mudança. Constatou-se três restrições político-institucionais à mudança: a oposição da comunidade de política ‘medicina-liberal’, que exercia influência sobre a política, a falta de apoio ou resistência do Ministério da Educação às mudanças propostas e a decisão do núcleo do governo de não levar adiante propostas que, ao mesmo tempo, tivessem que ser aprovadas no Legislativo e contassem com a oposição da ‘comunidade’ medicina-liberal. Predominou um equilíbrio que tendeu à reprodução do status quo e do arranjo institucional vigente, apesar de terem havido alterações incrementais na política.

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